quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Trágico acidente



Depois de muito refletir, resolvi escrever algo sobre o acidente de meu genro Djalma e de minha querida netinha Mariela, no dia 22 de setembro de 2012, por volta das 18:30 horas, quando Djalma vinha da Comunidade de Corumbá, onde, como de costume, todos os sábados visitava o seu pai, que é doente e faz hemodiálise três vezes por semana.
Em uma curva, na Rocinha, um carro completamente desgovernado e transitando na contramão, em alta velocidade, chocou-se de frente com o carro do Djalma. Por ser um bom motorista, Djalma tentou de todas as formas sair da frente, mas foi impossível, porque foi barrado por um barranco. Ele sentiu que iria bater, pois chegou a gritar “Segure Breno; vai bater”. Breno viu tudo, a Graziela viu pouco, porque estava amamentando a pequena Mariela.
O carro foi totalmente destruído e o Djalma ficou preso às ferragens. As pessoas foram chegando e socorreram a Graziela e o Breno, e uma outra pessoa, que socorreu a pequena Mariela, disse-me: “ quando a peguei, ela ainda estava respirando”.
Como de costume, eu estava no Bananal quando recebi um telefonema da Maria, que me disse para ir até a Santa Casa, uma vez que a Graziela estava lá. No momento não me preocupei, pois três dias antes tinha levado a Mariela na Santa Casa, porque a mesma estava com intoxicação por causa de um medicamento. Quando lá cheguei, fiquei apavorado, pois havia uma multidão na porta. Aí senti que a coisa era grave. Entrei correndo e vi o Breno no colo de um estranho, com o rosto cheio de sangue. Fui até a sala do pronto-socorro e deparei-me com um quadro que jamais esquecerei: o meu genro agonizando e o médico tentando de todas as formas reanimá-lo. Vi que não tinha jeito: segurei em sua mão e, após alguns segundos, ele veio a falecer.
Procurei pela Graziela, me disseram que ela estava no raio x. Corri até lá, invadi a sala e a vi deitada em uma maca. Pensei que havia perdido também a minha filha, as pernas não me ajudavam a me locomover para chegar perto dela. Foi quando ela virou o rosto para mim e disse estar tudo bem com ela, mas que procurasse a Mariela. Ela me disse: “Pai, seja forte, reze, reze pai, a Mariela está mal”. Eu perguntei onde ela estava, mas Graziela disse não saber.
Desci como louco pelas escadas da Santa Casa e procurei as enfermeiras, perguntando onde estava a Mariela. Disseram-me que ficasse calmo, que colocasse nas mãos de Deus. Eu pedi que me levassem até ela, foi quando uma das enfermeiras me deu a notícia mais triste da minha vida: “Você perdeu sua netinha, ela chegou aqui morta”. Senti o chão se abrir debaixo de meus pés, não acreditava no que estava acontecendo.
Ao lado da maca em que o Djalma estava morto, havia um jovem deitado e gritando “Me tire daqui! Chame meu pai!” Foi quando o médico que o atendia pediu que o transportasse para outro hospital, pois estava com fraturas expostas na perna. Ajudei a colocá-lo dentro da ambulância, aí que fui saber que se tratava do motorista responsável pela desgraça acontecida. Ele estava embriagado, não falava coisa com coisa. O médico, que até hoje não sei o nome, me disse: “Você precisa avisar a Graziela, ela ainda não sabe que perdeu o marido e a filha”. Meu Deus, será que sou eu mesmo que tenho que dar esta triste notícia a ela? O médico disse: “É você mesmo, porque eu não aguento dar esta triste notícia, pois também sou avô e tenho uma neta da idade da sua”. Dirigi-me até ela, segurei em sua mão e ela falou: “Pai, seja forte, preciso muito de você”. E aí contei a ela que, olhando para mim disse: “Pai, Deus foi muito misericordioso para comigo, levou o Djalma e a Mariela, mas deixou o Breno e eu para você cuidar”. Meu Deus, nunca vi uma pessoa com uma fé tão grande, um exemplo para muitos que se desesperam diante da morte de um ente querido.
E hoje, perco noites e noites de sono pensando: Cláudio é uma cidade de mais ou menos 30.000 habitantes, tem efetivo policial eficiente, são quase 40 policiais. Eu me pergunto: será que não existe um bafômetro para a polícia de vez em quando fazer blitz para inibir os cachaceiros que dirigem embriagados? Todo mundo sabe os pontos onde estes jovens se embriagam. Talvez, se fizessem pelo menos uma vez por mês, esta prática evitaria tantos acidentes. Não estou aqui culpando a polícia. Às vezes ela se torna incapacitada por falta de equipamentos. Sei como funciona, pois trabalho em prefeitura e sei da deficiência do Estado em disponibilizá-los para a polícia. Cobram deles melhorias nas estatísticas, mas não dão o mínimo de recursos para que eles possam desenvolver o seu serviço. Sei que não acontecerá nada com o motorista irresponsável que destruiu a metade de uma família, pois, afinal, sempre são enquadrados como acidentes, e meu genro Djalma e minha querida netinha Mariela passarão a fazer parte de mais uma estatística: MORTE EM TRÂNSITO.
Ass: João Marques Moreira Neto

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