quinta-feira, 14 de março de 2013

Há exceções no mercado


Coluna de Reginaldo Rodrigues

Há exceções no mercado

Antes de qualquer coisa, considero que existem três categorias de maus profissionais: os que são ruins de natureza, que de fato não estão nem aí para nada, independente de onde estejam; aqueles que são ruins porque o produto ou a empresa para a qual eles trabalham não oferecem condições para que façam um bom trabalho e, por último, os ruins de natureza trabalhando com produtos iguais. Aí sim, é o *fim da picada.
Gostaria muito de mencionar esses casos de desrespeito, ou até menosprezo para com os clientes, como exceções. Se fossem poucos poderíamos até enfatizá-los, dar destaque para que as pessoas pudessem fugir de tais empresas ou profissionais, mas infelizmente não é assim. Estamos em uma época em que a regra é ser ruim, atender mal e fazer pouco caso. Profissionais e empresas não se comprometem com qualidade, prazos e com a satisfação dos consumidores.
E já que a exceção é o respeito e a consideração, deixe-me citar mais uma situação pela qual passei; essa vida de viagens é uma fonte interminável de “casos”. Decidi dormir naquele hotel, sem nenhum atrativo, onde já havia ficado em outras ocasiões, em momentos ruins da minha vida em vários sentidos. Aí vem a pergunta: por que eu fiquei em um lugar que me remetia a más lembranças? Era bem próximo de onde eu teria uma reunião naquela noite.
Não esperava nada em relação ao atendimento, além da ruindade habitual e costumeira das pessoas que ficavam lá, ao que tudo indica a contragosto para receber os hóspedes. Na chegada sem novidades, recepção cheirando a cigarro, e a pessoa que lá estava concentrado nos seus afazeres na internet e só saiu de frente do computador quando solicitei a presença dele para dar entrada. Tudo normal. A televisão com interferência, a internet lenta e um ligeiro cheiro de mofo fizeram com que eu me apressasse para a minha reunião e só retornasse pelas tantas.
Levantei-me no dia seguinte, fiz meu desjejum, não merece detalhes o café da manhã, tomei meu banho no chuveiro que não esquentava direito e fui para a saída. Chegando à recepção, fui surpreendido com um “bom dia, Sr. Reginaldo!”. Como é que aquele jovem que eu nunca havia visto na vida sabia meu nome? Um rapaz sorridente, simpático, destoando totalmente do ambiente perguntando se eu havia dormido bem. O entusiasmo dele era tanto que não consegui ser verdadeiro, disse que sim e emendei perguntando como ele sabia meu nome.
“Ao chegar aqui pela manhã, olhei o nome de todos os hóspedes e os respectivos quartos, quando o senhor colocou a chave sobre o balcão o identifiquei pelo número.” Inacreditável, pensei. E antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele me questionou: “estou olhando na ficha aqui, há muito tempo o senhor não vinha, por quê?” Respondi objetivamente, e de maneira a não desagradá-lo, já pensando em uma forma de convidá-lo para trabalhar comigo.
Não deu certo o convite. Posteriormente descobri que ele era sobrinho do dono, estava lá havia alguns dias, e que o hotel estivera em um inventário e finalmente a situação fora resolvida. “As coisas vão mudar por aqui senhor Reginaldo, pode acreditar.” Ainda tive tempo de ouvir sobre as obras que começariam na semana seguinte: sala de ginástica, sala de jogos, piscina, pintura nova, dentre outras. Tudo isso ele me explicou com o objetivo de convencer-me a não demorar tanto a voltar.
Esse hotel e a equipe que lá trabalhava pertenciam à terceira classe citada no primeiro parágrafo, leia-se “fim da picada”. A impressão que tive é de que atualmente existe um dono que quer mudar, com um profissional que reconhece o cliente como importante nesse processo. Se esse profissional conseguir motivar os outros (será possível?), ou os mesmos forem substituídos, com as mudanças estruturais previstas, o negócio ficará viável para o dono e satisfatório para os clientes. Assim seja, voltarei lá.

*Expressão utilizada por algumas pessoas, de uma geração anterior a minha, para se referirem a algo absurdo, extraordinário, inacreditável.

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